Dia Internacional da Mulher - Uma reflexão sobre a data

Dia Internacional da Mulher - Uma reflexão sobre a data

Em 2023, completam-se 48 anos em que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Mulher, marcado pelo dia 08 de março. A data foi firmada em 1975, após diversas recorrências de eventos violentos contra os direitos das mulheres, dentre eles o incêndio na fábrica têxtil em Nova York que matou cerca de 146 mulheres em 1911, e a greve das operárias russas de 1917.

De lá para cá diversos direitos foram conquistados com muitos protestos e lutas. No Brasil, as mulheres conquistaram o direito ao voto apenas em 1932, o que significa que faz apenas 91 anos que a voz feminina passou a ter importância no destino do seu próprio país, que possui registros desse ato desde as primeiras décadas de sua colonização.

Em 2006, o Senado aprovou a Lei nº 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, que protege a mulher da violência doméstica e familiar, outro importante momento histórico no país. Na ciência, as mulheres ocupam um lugar de protagonismo, embora, muitas vezes, ainda não ganham tanto destaque quanto os nomes masculinos. Por exemplo, você sabia que Marie Winkelmann Kirch foi a primeira mulher a descobrir um cometa? Ou que Émilie du Chatelet foi a tradutora das obras de Newton e teórica de física? Ou ainda que Marie Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel, em química e física, é considerada a mãe da física moderna por seu trabalho com radioatividade?

São centenas de mulheres que fizeram a diferença no mundo científico com importantes descobertas e que raramente são lembradas. Dentre elas, Elizabeth Fulhame como a primeira pesquisadora profissional de química; Hedy Lamarr, uma das criadoras da tecnologia que hoje é utilizada em redes móveis, Wi-Fi e dispositivos bluetooth; Chung-Pei Ma, responsável por liderar a equipe de cientistas que descobriu dois dos maiores buracos negros já observados; Gertrude Belle Elion, vencedora do Nobel em 1988 por criar medicamentos para amenizar sintomas de leucemia, herpes e HIV/AIDS; Juana Miguela Petrocchi, especialista em entomologia que descreveu 11 espécies de mosquitos.

Além disso, no Brasil, contamos com mulheres protagonistas em sua trajetória como Nise da Silveira, que foi a médica responsável por aplicar novos métodos de tratamento que mudou completamente a maneira como doenças psiquiátricas são vistas. Sônia Guimarães, se tornou a primeira mulher negra brasileira a se tornar doutora pela University of Manchester Institute of Science and Technology, na Inglaterra. E Jaqueline Góes de Jesus, que durante a pandemia de Coronavírus desde o final de 2019. A doutora em Patologia Humana e Experimental, liderou a equipe que conseguiu mapear o genoma do vírus SARS-CoV-2 em 48 horas, um tempo recorde, já que a média para esse tipo de procedimento é de 15 dias.

Histórias de lutas e contribuições que marcaram a história da humanidade passam pelas mentes e mãos de mulheres, que desde que o mundo é mundo, fazem a diferença em seu meio. E em mais um ano de legitimação dessa data instituída pela ONU, a pergunta que fica é: já temos motivos suficientes para celebrar o Dia Internacional da Mulher, ou ainda há muito o que ser desconstruído e avaliado na prática dos direitos femininos na sociedade?

Segundo dados da Câmara Nacional, em 2023 somente 17,7% das cadeiras do poder legislativo são ocupadas por mulheres. Dados da Agência Brasil indicam que em 2021, cerca de 1.340 mulheres morreram por serem mulheres, enquanto em 2020 o número de vítimas foi pouco mais de 1.350. A cada 7 horas, 1 mulher é vítima de feminicídio, o que significa dizer que, ao menos 3 mulheres morrem por dia simplesmente por serem mulheres. E quanto aos direitos no trabalho, pesquisas apontam que em 2021, a diferença salarial entre mulheres e homens que exercem a mesma função aumentou de 20,7% para 22%.

Esses são alguns números que mostram importantes dados do nosso país em relação a diferença salarial entre homens e mulheres, feminicídio e até mesmo representatividade na política. Se as pesquisas indicam que ainda há um caminho longo a ser percorrido, a validação do assunto nos meios sociais e acadêmicos traz esperança apontando que a jornada de lutas prevalece. Celebrar o Dia Internacional da Mulher é motivo de reflexão e questionamento para todos que buscam não romantizar a data e sim analisá-la sob a perspectiva de novos passos rumo à conquista plena dos direitos femininos.



Fonte: jornal.usp.br

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