O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data marcante que transcende fronteiras e culturas. Sua origem remonta às lutas das mulheres por melhores condições de trabalho, igualdade de direitos e participação política no início do século XX. Um dos eventos mais simbólicos ocorreu em 1911, quando um incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, vitimou 146 trabalhadores, a maioria mulheres imigrantes. Essa tragédia expôs as precárias condições laborais e fortaleceu movimentos feministas em todo o mundo.
A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, mas sua essência continua viva: é um momento para celebrar conquistas, mas também para refletir sobre os desafios que as mulheres ainda enfrentam.
Atualidade
Em 2025, o Dia Internacional da Mulher continua sendo uma oportunidade para ampliar discussões sobre temas urgentes, como a equidade de gênero no mercado de trabalho, o combate à violência doméstica, o acesso à educação e saúde, e a representatividade feminina em espaços de poder.
Em um mundo em constante transformação, é essencial usar essa data para promover ações concretas. Empresas podem adotar políticas de igualdade salarial, governos podem fortalecer leis de proteção às mulheres, e a sociedade pode engajar-se em campanhas de conscientização. Além disso, é crucial ouvir as vozes das mulheres de diferentes realidades, incluindo as que enfrentam múltiplas formas de discriminação, como mulheres negras, indígenas, LGBTQIA+ e com deficiência.
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Mulheres na Ciência
Apesar dos desafios históricos e sociais, é essencial celebrar as conquistas das mulheres que, deixaram um legado extraordinário no campo da ciência. Suas contribuições não apenas avançaram o conhecimento humano, mas também abriram caminho para futuras gerações de cientistas.
Aqui estão alguns exemplos inspiradores de mulheres brasileiras e estrangeiras:
Bertha Lutz (1894-1976)
Bióloga, zoóloga e uma das maiores líderes do movimento feminista no Brasil. Ela se destacou por seus estudos sobre anfíbios e foi uma das primeiras mulheres a ocupar um cargo público no país, lutando incansavelmente pelos direitos das mulheres, incluindo o direito ao voto.
Johanna Döbereiner (1924-2000)
Agrônoma e microbiologista de origem tcheca, naturalizada brasileira, que revolucionou a agricultura tropical. Seus trabalhos com bactérias fixadoras de nitrogênio permitiram um aumento significativo na produtividade de culturas como a soja, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos e beneficiando a economia brasileira.
Mayana Zatz
Geneticista renomada, professora da Universidade de São Paulo (USP) e uma das principais pesquisadoras em genética no Brasil. Ela é conhecida por seus estudos sobre doenças neuromusculares e envelhecimento, e foi uma das fundadoras do Centro de Estudos do Genoma Humano. Mayana recebeu diversos prêmios internacionais por suas contribuições à ciência.
Suzana Herculano-Houzel
Neurocientista que se destacou por suas pesquisas sobre o cérebro humano e de outros animais. Ela desenvolveu uma técnica inovadora para contar neurônios, o que a levou a descobertas importantes sobre a evolução do cérebro. Suzana é uma divulgadora científica ativa, trabalhando para tornar a ciência acessível ao público geral.
Jaqueline Goes de Jesus
Biomédica e pesquisadora que ganhou destaque durante a pandemia de COVID-19. Ela liderou a equipe que sequenciou o genoma do novo coronavírus em tempo recorde, apenas 48 horas após o primeiro caso confirmado no Brasil. Seu trabalho foi crucial para o entendimento e combate à doença no país.
Marie Curie (1867-1934)
Curie foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a única pessoa a receber o prêmio em duas áreas diferentes: Física (1903) e Química (1911). Ela descobriu os elementos químicos rádio e polônio e foi pioneira no estudo da radioatividade. Seu trabalho revolucionou a medicina e a física, embora ela tenha enfrentado discriminação por ser uma mulher em um campo dominado por homens.
Rosalind Franklin (1920-1958)
Rosalind foi uma química britânica cujo trabalho foi fundamental para a descoberta da estrutura do DNA. Suas imagens de difração de raios-X, especialmente a famosa Foto 51, foram cruciais para que James Watson e Francis Crick propusessem o modelo de dupla hélice do DNA. Apesar de sua contribuição essencial, Franklin recebeu raramente o reconhecimento que merecia durante sua vida.
Katherine Johnson (1918-2020)
Katherine foi uma matemática brilhante cujos cálculos foram essenciais para o sucesso das primeiras missões espaciais da NASA, incluindo o voo de John Glenn ao redor da Terra e a missão Apollo 11 à Lua. Como uma mulher negra em uma época de segregação racial e de gênero, Johnson superou barreiras impressionantes para se tornar uma das mentes mais respeitadas da ciência espacial.
Ada Lovelace (1815-1852)
Considerada a primeira programadora da história, Ada Lovelace foi uma matemática visionária que trabalhou com Charles Babbage no desenvolvimento da Máquina Analítica, um precursor dos computadores modernos. Ela percebeu que a máquina poderia ser usada para muito mais do que cálculos numéricos, antecipando conceitos que só seriam explorados décadas depois.
Chien-Shiung Wu (1912-1997)
Conhecida como a "Primeira-Dama da Física", Chien-Shiung Wu foi uma física experimental que fez contribuições significativas no campo da física nuclear. Ela conduziu o Experimento de Wu, que desafiou uma lei fundamental da física conhecida como Lei da Paridade, mas, assim como muitas outras mulheres na ciência, seu trabalho foi subestimado quando o Prêmio Nobel foi concedido a seus colegas homens.
Tu Youyou (1930-xx)
Cientista chinesa ganhadora do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2015 por sua descoberta da artemisinina, um composto que revolucionou o tratamento da malária. Seu trabalho salvou milhões de vidas em todo o mundo, especialmente em regiões onde a doença é endêmica.
O Dia Internacional da Mulher deve ser mais do que uma celebração; deve ser um chamado à ação, como a luta por direitos e liberdade. A data deve inspirar reflexões profundas para mudanças significativas, com um objetivo: uma sociedade em que as mulheres possam viver com dignidade, liberdade e respeito.